Exposição “Nos Braços do Violeiro”, que retrata o universo da viola caipira, estreia dia 24/02 em Bragança Paulista
Contemplada pelo ProAC, produção é de Yuri Garfunkel com curadoria de João Carlos Villela
Considerada um dos ícones da música popular brasileira, a viola caipira é retratada na exposição multidisciplinar “Nos Braços do Violeiro” circulará por 6 cidades do Estado de São Paulo e será lançada neste sábado, dia 24/02, em Bragança Paulista. Com curadoria de João Carlos Villela, a mostra é sobre “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos”, um romance gráfico inspirado em mais de 80 canções do repertório caipira, com roteiro e artes visuais do desenhista, músico e educador Yuri Garfunkel.
A estreia da exposição gratuita será neste sábado, dia 24 de fevereiro, às 16h, na Casa Lebre (R. Nícola Ortenzi, 104), em Bragança Paulista, com a presença dos idealizadores, Yuri Garfunkel e João Carlos Villela, e participação de violeiros como Ivan Vilela, Mel Moraes e convidados.
O público terá a oportunidade de apreciar as páginas originais da HQ premiada pelo ProAC 2019, com introdução escrita pelo violeiro, professor e pesquisador Ivan Vilela e indicada ao prêmio HQ MIX na categoria Melhor Adaptação em 2020.
Em suas páginas, a obra conduz o leitor para uma viagem sonora afinada e cheia de história, a partir de uma viola avermelhada nas mãos de um violeiro e de um vaqueiro, numa jornada que percorre os sertões até chegar na cidade grande, testemunhando a história da música caipira desde suas origens rurais.
Yuri Garfunkel detalha que a ideia da HQ se formou ao longo de muitos anos ouvindo música caipira. De modo geral, e no gênero Moda de Viola principalmente, ele explica que as canções descrevem narrativas tão intensas que muitas músicas inspiraram filmes. “Mas até agora não conheço outra graphic novel feita a partir desse repertório. Entendi que era um trabalho que poucos poderiam por em prática, e mergulhei de cabeça. No final de 2017 eu já tinha clara a estrutura do roteiro, fui a uma palestra do Ivan Vilela e me apresentei a ele que se interessou imediatamente pelo projeto e começamos a trabalhar”, relembra.
Garfunkel conta que Vilela sugeriu que a história fosse além dos temas mais faroeste previstos inicialmente, com muito boi e bala. “Ampliamos o roteiro com a origem da viola, derivada de instrumentos mouros e vinda ao Brasil com as primeiras caravelas portuguesas, e com a construção da Viola Encarnada, protagonista da história. Para isso, busquei ajuda do Luiz Armando da luthieria Trevo, que construiu efetivamente a viola em um mês! O Ivan também sugeriu outro desfecho para a HQ, que termina na cidade grande, completando todo o trajeto percorrido pela música caipira", comenta Garfunkel.
INTERAÇÃO DO PÚBLICO
Uma das propostas da exposição “Nos Braços do Violeiro”, contemplada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) Circulação, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, é promover a interação do público com os processos criativos do artista.
Desta forma, além do contato com os originais da obra e seus esboços originais, o visitante terá acesso à viola física que foi inspirada na viola vermelha de Tião Carreiro e encomendada ao Luiz Armando da luthieria Trevo, exclusivamente para este projeto. Estarão disponíveis também áudios das mais de 80 músicas do repertório caipira, propiciando uma imersão na HQ como um todo. O material possui recursos de acessibilidade como audiodescrição, textos em braile e alguns dos encontros promovidos com o público, como rodas de viola e bate-papo, terão tradução em Libras.
Por ser uma exposição multidisciplinar sobre um instrumento singular que marca a nossa história musical, um dos objetivos dos idealizadores é compartilhar o conteúdo com um público diverso, inclusive estudantes, universitários e grupos de idosos e outros interessados.
“Essa é uma exposição que mescla Arte Contemporânea, História em Quadrinhos e Música Caipira, por isso a intenção em cada uma das 6 cidades por onde passaremos é dialogar, trocar e aprender com os agentes locais de cada um desses campos”, explica João Carlos Villela.